sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Proposta pedagógica da horta escolar

Em visita a algumas escolas estaduais que estão iniciando seus trabalhos com horta escolar, pude verificar o quanto é equivocada a ideia de implantação desta proposta.
A proposta pedagógica da horta escolar, vai muito lém, da mera produção de alimentos para enriquecer a merenda.
Por isso, seguem alguns pontos que o professor que coordena os trabalhos na escola deve utilizar para provocar a reflexão e discussão antecipando a implementação efetiva da horta na escola.
  • A horta escolar deve ser orgânica:
“Agricultura orgânica”, você saberia definir, sem consultas, qual o significado deste termo?
A agricultura orgânica propriamente dita, não é aquela que utiliza certos métodos e substâncias e evita outros; é a agricultura cuja estrutura imita a estrutura de um sistema natural; ela mantém a integridade, a interdependência e a dependência benéfica de um organismo (Wendell Berry).
O agricultor britânico que ficou conhecido como fundador do movimento em prol da agricultura orgânica, Albert Howard, disse que uma boa lavoura é análoga a uma floresta que se “autofertiliza”.
  • Seguir os padrões da natureza:
O que você vê na natureza que é quadrado ou retangular?
O que você observa na natureza que possui formas arredondadas? Este item eu mesmo posso responder: planetas, via láctea, colméias, correntes oceânicas, direção dos ventos, etc.
Então por que quando vamos construir  a horta escolar optamos em fazer hortas retangulares?
Ao ler esta pergunta, provavelmente você respondeu em pensamento: “para aproveitar melhor o espaço e minha produtividade ser maior”.
Saiba que hortas em formatos arrendondados, oferecem um maior microclima, possuindo uma maior quantidade de microorganismos “amigos”, aumentando assim a produtividade de sua horta.
Por que rastelamos, todo o local onde será criada nossa horta? Quando olhamos no chão de uma floresta o que vemos? Costumeiramente terra, folhas secas e galhos.  Então, seguindo os padrões da natureza,  o primeiro passo para a preparação do solo é cobrir todo o terreno com uma boa camada de folhas e podas de grama.  Pra quê isso? Porque  protege o solo do sol, da chuva, e deixa-o menos compactado, facilitando o posterior plantio.
  • Planejar no papel:
É importantíssimo que seja feito um planejamento da sua horta escolar. É hora de colocar no papel os sonhos e ideias dos estudantes, bem como os resultados que desejam alcançar com a horta da escola.  Sugiro fazer um desenho, para esboçar sua futura horta. Neste deve estar contido, o desenho dos canteiros, local da irrigação, o que será plantado, quando será plantado, o que plantar com o quê, etc.
  • Canteiros com produção variada:
Estamos acostumados a passar em frente as hortas comunitárias e ver um canteiro só de alface, outro só de cebolinha, etc. Plantar espécies com outras espécies “companheiras“, evita a propagação de pragas, doenças e ajuda os vegetais se desenvolverem, através do mutualismo. Ex: uma espécie que se desenvolve melhor no sol pode ser plantada ao lado de uma menor que precisa de sombra, assim, a espécie menor proteje o solo ao redor da planta maior mantendo a umidade do solo, benefeciando-as mutuamente.
  • A horta deve ser planejada e utilizada por professores de todas disciplinas.
Desta forma, professores trabalharão interdiciplinarmente, e o objetivo da horta ultrapassará a questã0 da produção de alimentos e será efetivamente um recurso pedagógico para se trabalhar a questão socioambiental.
Segue: Algumas sugestões para trabalhar  interdiciplinarmente a horta escolar:
História: alterações dos meios de produção agrícola, revolução agrícola, agricultura familiar.
Geografia: alterações do ambiente pelas ações antrópicas; tipos de solo, desertificação; impactos das culturas.
Artes: sugerir pesquisa sobre artistas que expressaram os acontecimentos agrícolas ou a natureza por  meios de seus trabalhos (Arcimboldo, Van Gogh, por exemplo).
Matemática: Geometria, consumo de água (pegada ecológica), produtividade (pesos e medidas), proporções utilizando as receitas culinárias.
Química: pH do solo, decomposição da matéria orgânica, fotossíntese.
Física: princípio de Arquimedes aplicados em vasos comunicantes (utilização do tensiômetro), calor, umidade.
Educação Religiosa: religiões que cultuam a natureza.
Lingua Portuguesa: realização de um portifólio com dados contendo: nome do vegetal, tempo de germinação, hábitos do vegetal (sol, sombra, trepadeira, rasteira, aérea etc), utilização medicinal e culinária, e receitas.
Biologia/Ciências: Ecologia Geral, impactos da agricultura, desertificação, e classificação dos reinos.
Vale a pena
Antes de iniciar o trabalho em sua escola de uma boa lida no trabalho desenvolvido com horta do site Vida de Clara luz.
Também assista o vídeo: hortas agroecológicas e consulte aqui a relação das plantas companheiras.
Outra boa consulta é o site Educando com a Horta.
O Biosfera MS, já fez uma postagem sobre hortas, veja.
Fonte da Imagem: Folha do Futuro
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