1ª Passo: Conhecendo a Redação
“Uma redação não é uma peça literária. Não precisa ser Machado de Assis para ser aprovado. Não pode escrever de maneira complicada, com palavras e construções difíceis. Quem lê quer entender”, diz Renato Aquino, autor dos livros “Português para Concursos” e “Redação para Concursos”, pela editora Campus/Elsevier. “Não adianta escrever impecavelmente se fugir do tema.”
“Uma redação não é uma peça literária. Não precisa ser Machado de Assis para ser aprovado. Não pode escrever de maneira complicada, com palavras e construções difíceis. Quem lê quer entender”, diz Renato Aquino, autor dos livros “Português para Concursos” e “Redação para Concursos”, pela editora Campus/Elsevier. “Não adianta escrever impecavelmente se fugir do tema.”
De acordo com Aquino, que já participou de banca examinadora de provas de redação, 90% dos exames em concursos pedem a modalidade de dissertação – é raro a banca pedir narração ou descrição. E o texto geralmente deve ter 30 linhas. No caso da dissertação, o texto deve ser argumentativo e opinativo, e o candidato deve ter conteúdo para argumentar, sempre com clareza e objetividade.
Segundo ele, as bancas examinadoras têm valorizado muito a concisão, que é dizer o máximo possível com poucas palavras. No caso da dissertação, o candidato deve estruturar o texto em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. “Ao introduzir o assunto não se deve gastar mais do que cinco linhas, no máximo outras cinco para a conclusão, e o restante deve ser destinado à defesa da idéia, à argumentação.”
Segundo Aquino, quem tem o hábito de ler leva vantagem porque tem mais conteúdo para argumentar. O especialista salienta que o candidato não deve exagerar no tamanho da letra nem espaçar demais as palavras. “Isso pode mostrar que o candidato não tem o que escrever e está enrolando. O examinador percebe”, diz.
Ele aconselha ainda que o candidato faça letra cursiva e não de forma. “Se for fazer de forma, tem que destacar as letras maiúsculas, senão perde ponto.” O especialista diz que o importante não é ter letra bonita, mas escrever de forma legível. Se o examinador não entender o que está escrito ele irá tirar pontos. “Já vi tirar ponto porque o til estava em cima do O e não do A”, exemplifica.
Segundo ele, é fundamental que o candidato corrija os erros encontrados e evite rasuras ao passar a redação a limpo para entregar à banca. “O candidato deve verificar repetições de palavras e idéias e evitar expressões que ele não saiba como empregar adequadamente”, aconselha.Critérios de correção
Silvia Bruni Queiroz, responsável pela área de medidas educacionais da Fundação Vunesp, uma das principais organizadoras de concursos no país, revelou o que o candidato não deve fazer para zerar ou perder pontos na redação. Segundo ela, a banca nem corrige a prova se o candidato fugir do tema solicitado. Se o concorrente não aprofundar o tema ou não se restringir ao assunto, colocando idéias difusas, ele perde pontos.
Outro fator que acarreta perda de pontos é quando o autor do texto não desenvolve a modalidade de texto solicitada, fazendo uma narração em vez de dissertação, por exemplo. Segundo ela, boa parte das organizadoras prefere dissertação como modalidade de texto para verificar se o candidato tem maturidade para desenvolver o assunto com coerência e concisão. “É possível ver se ele sabe fazer o encadeamento das idéias usando os conectivos apropriados”, informa.
Outro aspecto que é levado em conta na correção é a gramática. São analisadas principalmente a concordância, regência, ortografia, crase, pontuação e acentuação.
De acordo com Silvia, se o candidato ultrapassa ou escreve menos que o número de linhas estabelecido, mas é coerente nas idéias, ele não tem pontos descontados. “O que é analisado é se ele repete as idéias e se o texto tem sentido”, afirma. Segundo ela, as informações contidas no texto devem ser corretas. Se o candidato não tem certeza do que irá escrever, deve preferir discorrer sobre assuntos que realmente sabe.
2º Passo: A Banca
De acordo com Silvia, as bancas são treinadas para corrigir as provas e há critérios a serem seguidos para haver uniformidade na correção. As redações são copiadas e os nomes dos candidatos são retirados para que os examinadores não saibam de quem são as provas.
A prova passa por dois corretores – um não tem acesso à correção do outro -, que se atêm a dois aspectos principais: tema e modalidade de texto e aspectos gramaticais. O responsável que coordena as bancas checa as duas correções. Se houver discrepâncias, o texto passa por um terceiro examinador.
3º Passo : Redação nota dez
O professor de português Edelson Santana de Almeida, de 34 anos, aplicou seus conhecimentos de língua portuguesa na prova de redação do concurso do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, realizada em junho, e tirou nota máxima – as três correções assinaladas no texto dele não acarretaram perda de pontos. Ele agora espera ser chamado para o cargo de analista judiciário na área de Letras, para trabalhar em Cuiabá.
O tema, segundo ele, era sobre até que ponto a Justiça poderia interferir na cultura indígena. O enunciado da redação trazia o caso de uma tribo que tinha o costume de matar um dos filhos gêmeos por acreditar que o nascimento de duas crianças era uma maldição.
Almeida conta que antes de começar a escrever ele fez um esquema com as idéias que iria abordar e como iria defender a sua opinião. Depois ele fez a redação no papel de rascunho e, antes de passar para a folha oficial, fez uma revisão completa e cortou os excessos. “Fiz exatamente o que ensino aos meus alunos”, disse.
“A prova de redação é antes de tudo uma prova de leitura. Precisa ler o que a banca pede, além da leitura de mundo que o candidato deve ter.”
Segundo o professor, a redação exige que o aluno tenha conhecimentos gerais e de lógica e capacidade de raciocínio. “É necessário pensar no interlocutor e a linguagem tem de ser simples, mas não simplória, para ser interessante aos que têm pouca instrução e não ser irritante para quem tem mais conhecimento”, aconselha. Para ele, o maior desafio é a concisão, porque geralmente os temas das dissertações são muito profundos.
E é justamente isso que ele enfatiza a seus alunos – a coerência e a coesão, para que o texto seja bem amarrado, com clareza na seqüência dos argumentos e, claro, respeitando as normas gramaticais.
Fonte:
http://globo.com
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