Dizem que, antes deles existirem, só havia o caos ou um imenso vazio. Há milhares de anos, o homem conta histórias sobre esses seres que seriam responsáveis pela criação do Universo e de todas as coisas que nele existem, o que inclui o próprio ser humano. Nesse período, a humanidade não parou de cultuá-los, ainda que eles assumam diferentes formas, personalidades e finalidades. Eles são divindades que nossa imaginação criou para tentar explicar coisas inexplicáveis na nossa existência, principalmente nos tempos em que compreendíamos muito menos sobre a natureza e seus fenômenos.
Esses deuses todo-poderosos, muitas vezes com várias semelhanças entre eles, estão presentes nas diversas mitologias criadas por diferentes culturas, em diferentes pontos do planeta, em diferentes momentos históricos. Nas mitologias desenvolvidas pelas antigas civilizações egípcia, nórdica e grega e nos escritos sagrados do hinduísmo estão várias das principais divindades que mostram ser tão poderosas quanto o deus único das religiões judaico-cristã e islâmica. Nas próximas páginas, descubra quem são esses dez deuses todo-poderosos.
Odin
Ele não foi o primeiro ser a surgir do nada. Segundo a mitologia dos vikings, Odin é filho dos gigantes Bor e Bestla e tem dois irmãos Vili e Vê, que juntos com ele foram os primeiros deuses nórdicos. Mas foi Odin quem tornou-se o chefão no Asgard, o lugar onde vivem os deuses, e o mais poderoso e respeitado deus nórdico. Criador da humanidade que vive no Midgard (a Terra), ele é alto, forte e tem somente um olho, já que o outro arrancou com as próprias mãos em troca de sabedoria. Tem um cavalo vermelho de oito patas e uma lança que nunca erra o alvo, gosta de mágicas e é considerado o detentor supremo do conhecimento. Um de seus poderes vem do fato de ter se sacrificado para obter as runas, uma forma de escrita que foi usada em partes da Europa e na Escandinávia, entre os séculos 2 e 11.
Amon
De deus do caos a da criação, Amon é um dos todo-poderosos deuses da mitologia egípcia. O papel, o nome e a importância dos deuses na narrativas do Egito antigo variavam de região para região. Amon era o rei dos deuses principalmente para os habitantes de Karnak, onde ficava o maior e mais importante dos templos egípcios. Um templo luxuoso a dedicado a um deus com uma barbicha falsa que mais tarde "fundiria-se" com Rá, o deus Sol, o grande deus da criação, que fez surgir o mundo a partir de um oceano primitivo. Amon-Rá tinha os sacerdotes mais poderosos do Egito, responsáveis pelos templos mais ricos e influentes junto aos faraós e aos generais. A região de Tebas concentrava esse poder político exercido em nome desse rei dos deuses.
Osíris
A rigor, talvez Osíris não tenha sido tão poderoso como Amon, mas ele foi e continua a ser muito mais popular. Deus da fertilidade e do amor familiar, ele casou-se com outra estrela das divindades egípcias: sua irmã gêmea Ísis. Apesar de poderoso, Osíris acabou assassinado e esquartejado pelo seu irmão Seth. Segundo a mitologia egípcia, as lágrimas que Ísis derramou pela morte do irmão e marido deram origem ao rio Nilo. Mas ela também reconstruiu o corpo do marido e o enterrou. Após sua morte, Osíris passou a ser o deus do submundo, mas visto pelos egípcios de forma positiva, como um guia luminoso para a vida deles após a morte. Havia a crença de que os faraós quando morriam transformavam-se numa encarnação de Osíris.
Ísis
A única deusa nesta lista, Ísis é ao lado de Osíris, seu irmão gêmeo e esposo, uma das mais conhecidas divindades da mitologia egípcia. Deusa da maternidade, de suas lágrimas nasceu o rio Nilo. Assim como Osíris, ela era uma das poucas divindades adoradas em todas as regiões do antigo Egito. Os poderes de Ísis vêm de um golpe que aplicou em Amon-Rá, o senhor dos deuses egípcios. Uma das versões da história conta que, metamorfoseada em uma cobra venenosa, ela o mordeu e falou que só o curaria se ele revelasse seu nome secreto. Velho e em agonia, Amon-Rá fez isso, o que significou transferir todos os seus poderes para a deusa. Deusa protetora de Cleóptara, a mais famosa rainha do Egito, o culto a Ísis extrapolou as fronteiras egípcias e alcançou outros impérios, com templos dedicados à deusa em várias cidades ao longo do Mediterrâneo.
Brahma
Ele criou o Universo segundo o hinduísmo, mas não apenas um e sim os vários universos cíclicos previstos naquela religião. Brahma, Shiva e Vishnu são os deuses mais cultuados pelos hindus, numa mitologia composta por milhares de divindades. Brahma teve o papel de ser o senhor da criação, de acordo com o Vedas, conjunto de poemas com narrativas sagradas sobre os deuses indianos, que surgiu há quatro mil anos. Em sua primeira tentativa, durante uma meditação, surgiu a noite e com ela vários demônios. Brahma resolveu então ir até o fim na próxima tentativa e fez surgir o Sol, os deuses hindus, o mundo e todas as espécies animais, incluindo o homem e a mulher. Brahma é um deus de quatro cabeças, que simbolizam os pontos cardeais, os livros do Vedas e as quatro castas hindus.
Urano
Conta a mitologia grega que antes dos titãs e dos deuses, ele era o ser supremo de um Universo que surgiu após o caos primordial. Filho de Gaia, a mãe Terra, Urano manteve com ela uma relação incestuosa que gerou como filhos os titãs, os cíclopes e os hecatonquiros. Urano, no entanto, os odiava e fazia com que voltassem sempre para o ventre da mãe, onde os mantinha aprisionados. Assim, ele reinou todo-poderoso e de forma cruel sobre tudo e todos. Considerado o deus primordial para muitos gregos, Urano acabou destronado por um dos titãs. Incentivado pela mãe, que não aguentava mais os maus tratos do todo-poderoso, Cronos, o mais novo dos titãs, aceitou matar o pai com uma foice que Gaia havia forjado. Cronos atacou Urano enquanto este estava adormecido e lhe cortou os testículos. Esse episódio fez com que o céu e a Terra se separassem e elevou o titã caçula à posição de senhor do mundo.
Cronos
Após destronar o pai, Cronos temendo a profecia de sua mãe Gaia - que previu que, como Urano, ele também seria morto por um de seus filhos - passou a devorar todos os rebentos que teve com sua esposa-irmã, a titã Réia. Incestos e filhos que matavam os pais eram fatos corriqueiros na mitologia grega. Cronos era o deus do tempo e durante seu reinado sobre o mundo a humanidade recém-criada viveu sua "idade dourada", uma época de grande prosperidade, harmonia e fartura. Os filhos que Cronos devorou eram deuses que continuaram a crescer em seu ventre. No entanto, nem todos estavam lá, já que um deles, numa astuta manobra de Réia, foi enviado imediatamente após o nascimento para a ilha de Creta, onde foi criado por ninfas. Quando cresceu, e soube que era filho de Cronos e que ele havia devorado seus irmãozinhos, esse deus partiu em busca de vingança contra o pai. Seu nome era Zeus e sua luta levou à derrota de Cronos e ao fim do reino dos titãs. Começava a era dos todo-poderosos deuses gregos.
Zeus
O mais popular, temido e promíscuo dos deuses ocidentais cresceu na ilha de Creta, longe dos pais e rodeado por ninfas. Zeus ao ficar adulto soube que tinha de usar uma poção mágica para resgatar seus irmãos da barriga de Cronos, seu pai. Após enganá-lo e fazer sair pela sua boca os deuses Posêidon, Heras, Hades, Héstia e Deméter, Zeus inicia uma guerra contra os titãs, com a ajuda dos cíclopes, que ele havia liberado do submundo. A vitória dos deuses marca o início do reinado de Zeus, que elege o Olimpo como sua nova morada. Deus supremo, Zeus tinha poderes sobre os céus, os raios e os trovões. Posêidon ficou com os mares e Hades com o mundo dos mortos. O reinado de Zeus foi marcado por suas infidelidades a Hera, sua esposa-irmã, e pelas constantes conspirações, intrigas e revoltas protagonizadas por deuses, semi-deuses e heróis. Deus vingativo, Zeus foi responsável por condenar o ser humano ao sofrimento e por protagonizar algumas das melhores narrativas mitológicas de todos os tempos.
Júpiter
Júpiter Optimus Maximus foi a versão romana do deus grego Zeus. Chefão do panteão dos deuses da mitologia de Roma, Júpiter, assim como Zeus, foi criado por ninfas, para escapar de ser devorado pelo seu pai Saturno (a versão romana do titã grego Cronos). No sincretismo que envolveu o deus dos deuses gregos, Júpiter incorporou também traços que vinham da mitologia dos etruscos, povos que viveram no centro da atual Itália. É possível identificar nas características de Júpiter algumas que vieram de Tinia, deus etrusco dos céus. Apesar das muitas semelhanças com Zeus, inclusive no poder, no temperamento e na promiscuidade, Júpiter também tinha suas particularidades, notadamente no culto religioso feito a ele. Muitos imperadores romanos incorporaram traços das representações de Júpiter para identificarem seus poderes com os do deus todo-poderoso.
Deus
Três das maiores religiões ocidentais são monoteístas e para elas só há um deus. Independente de ser chamado de Deus, Jeová ou Alá, para os cristãos, judeus e muçulmano somente ele é o todo-poderoso. Criador do Universo e de todas as coisas que nele existem, Deus é onipotente, onisciente e onipresente, isto é, ele pode tudo, sabe tudo e está em todos os lugares ao mesmo tempo. Apesar de ser considerado incorpóreo, algumas religiões monoteístas, como as cristãs, têm representado Deus em seus templos geralmente como um ser semelhante a um homem forte, de cabelos e barbas brancas e, na maior parte das vezes, com uma aparência severa. Epítome da benevolência e da justiça, o Deus das principais religiões monoteístas é todo-poderoso, infinito e perfeito, mas também tem seus momentos de fúria e vingança.
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