terça-feira, 13 de setembro de 2011

Adoção: um ato de amor


O tema da adoção nos leva a questionar sobre querer ter um filho. É o primeiro filho? Seja este adotivo ou não, é necessário que haja desejo no casal de serem pais.  Ambos tendo esse desejo podem ajudar a tornar essa nova etapa mais fácil, pois ter um filho traz um comprometimento de tempo e um gasto de energia a mais nessa relação.
Mas o que leva um casal a querer adotar uma criança? Existem inúmeras motivações, porém Weber (2005) diz que não há uma relação direta entre os motivos e o fracasso da adoção. Algumas destas motivações são: preencher a solidão, fazer companhia a um filho único ou ainda por um dos cônjuges ser estéril.

“... Todos os filhos são biológicos e todos os filhos são adotivos. Biológicos, porque essa é a única maneira de existirmos concreta e objetivamente; adotivos, porque é a única forma de sermos verdadeiramente filhos... (trecho do texto de Luiz Schettini Filho)"

No Brasil, mais de 8 mil crianças e adolescentes estão hoje aptas para serem adotadas. Às vezes essa espera é tão difícil para as crianças quanto para os pais que desejam adotar.

Muitas crianças são visitadas diariamente em orfanatos por todo o Brasil, mas poucas delas são as felizardas em conseguir uma nova família. Como se isso não bastasse o processo de adoção passa por uma burocracia gigantesca e a demora por vezes é o principal empecilho.

O que fazer para adotar

Primeiramente é preciso saber que, para adotar uma criança o interessado precisa ser maior de 21 anos independente do estado civil, não pode ser nem irmão nem avô ou avó da criança, pois nesses casos deve ser solicitado tutela ou pedido de guarda.

Todas as crianças menores de 18 anos, órfãos de pais falecidos ou desconhecidos, ou de pais que perderam o pátrio poder podem ser adotadas. Há os casos em que os pais apesar de possuírem direitos sobre a criança concordam em colocá-la para adoção. Uma informação importante, é que só podem ser colocadas para adoção crianças e adolescentes que não tiveram sucesso nos recursos e tentativas de mantê-los com a família de origem.

Para dar entrada ao processo de adoção é necessário que o adotante apresente: identidade  e comprovante de residência, cópia autenticada de certidão de nascimento ou casamento, CPF dos requerentes, atestado de sanidade física e mental, atestado de idoneidade assinado por duas testemunhas e atestado de antecedentes criminais.

O passo a passo da adoção de crianças ficaria mais ou menos dessa forma, lembrando que o processo não é padronizado para todo o país:

1º) O adotante procura uma Vara da Infância e do Adolescente.
2º) Passa por uma entrevista.
3º) Apresenta a documentação necessária.
4º) Passa novamente por outra entrevista com uma assistente social.
5º) Dá-se início ao processo de escolha da criança.
6º) Período de avaliação.
7º) Sentença do juiz.

Apesar de toda burocracia, o importante é sempre o amor entre pais adotivos e crianças, que desta forma podem formar uma família muito feliz!

Adoção sem restrições é fenômeno raro no Brasil

O maior problema enfrentado, no entanto é cultural, os pais brasileiros que querem adotar, geralmente escolhem crianças de colo, brancas e de preferência com poucos meses de vida.

Esta condição imposta pela maioria dos interessados dificulta e muito o sucesso do processo de adoção.

“Essas questões não importam para nós, somos bem abertos e estamos dispostos a criar, educar e amar a criança que for concedida a nossa família. Apenas optamos pela idade porque queremos construir junto com nosso filho ou nossa filha uma memória e história de vida desde pequeno”, diz Michele Czaikoski Silva, 36. Com poucas restrições ao perfil de criança a ser adotada, o casal paranaense é exceção no país. E, quando o assunto é restrição, a Região Sul está acima da média nacional

Atrás de São Paulo, que lidera o ranking de interessados em adotar, dois estados do Sul estão entre os que mais possuem casais em busca de um filho adotivo. Rio Grande do Sul, com 4.158, e o Paraná, com 3.700 pretendentes. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em todo o Brasil, 26.694 pessoas estão aptas a adotar.

Os números mostram também que há mais casais do que crianças disponíveis. Das 4.427 crianças que, em sua maioria, têm como mãe a União, e como família, funcionários de abrigos, 1.198 estão em São Paulo, 751 aguardam um novo lar no Rio Grande do Sul, 550 estão em Minas Gerais, e 387 esperam no Paraná.

Exigências
 
Para a juíza da 2ª Vara da Criança e Juventude de Curitiba, Maria Lucia de Paula Espíndola, o entrave se dá porque as pessoas idealizam o futuro filho e estabelecem pré-requisitos excessivos, como faixa-etária, cor ou sexo. “A maioria dos interessados se habilita para adoção de crianças até seis meses de idade e de cor branca”, afirma.

Conforme o Cadastro Nacional de Adoção, 37,94% dos pretendentes aceitam somente crianças brancas. Na Região Sul, essa porcentagem se eleva para 49,23% dos interessados, um total de 10.583 pessoas, superando a Região Sudeste, onde está a maioria dos possíveis futuros pais adotivos. Há ainda casos em que a futura família requer que a criança seja recém-nascida.


Casais que exigem crianças brancas
Brasil
37,94%
Norte
12,58%
Nordeste
14,47%
Centro-Oeste
17,22%
Sudeste
34,76%
Sul
49,23%
Fonte: Cadastro Nacional de Adoção
do Conselho Nacional de Justiça


Michele está inscrita no cadastro nacional há um mês. Casada há três anos e meio, ela e o marido poderiam gerar filhos biológicos, mas resolveram optar pela adoção. “Sempre admirei famílias com filhos adotados, pois os laços que realmente unem uma família não são os sanguíneos, e sim, os afetivos”, disse.

O casal não tem preferência pessoal por tipo físico ou ressalvas com relação à saúde da criança, mas prefere que a idade máxima seja de até um ano. “Ao entrar na fila de adoção, oficializamos nossa ‘gestação’. Estamos vivendo uma espera repleta de amor por alguém que, ainda não vimos, mas que, de algum modo, já faz parte de nossas vidas.”

A juíza Maria Lucia incentiva a adoção. “Tenho para mim que a maternidade adotiva é mais significativa que a maternidade biológica, pois envolve uma grande determinação e conscientização prévias, não sendo fruto de um acaso ou descuido.”

Fonte: Mundo Hoje, G1, Manu Damasceno
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